Malta aumenta as taxas de autorização de trabalho para cidadãos não comunitários

Malta aumenta as taxas de autorização de trabalho para cidadãos não comunitários

Numa medida significativa, a Identità, a agência governamental responsável pelas autorizações de trabalho em Malta, anunciou um aumento das taxas de candidatura para os trabalhadores de países não pertencentes à União Europeia (UE).

Com efeito imediato, os nacionais de países terceiros têm agora de pagar 300 euros, o que representa um aumento considerável em relação à taxa anterior.

Custos crescentes e desafios

O aumento da taxa, que é superior aos 280,50 euros anteriores, deve-se à escalada das despesas administrativas e de processamento.

Um porta-voz da Identità explicou: "A natureza sofisticada dos cartões que os cidadãos de países terceiros possuem contribui para o elevado custo".

Este aumento das taxas representa um encargo substancial para os nacionais de países terceiros (NPT), especialmente os que ganham o salário mínimo, como salienta a ativista Patricia Graham.

"Para um cidadão de um país terceiro que ganha o salário mínimo, este aumento significa perder quatro horas de salário ou mais", afirmou.

Impactos mais amplos no emprego e nas qualificações

Para além das taxas de autorização de trabalho, os TCN enfrentam outros desafios financeiros.

A introdução de um cartão de competências para os trabalhadores do sector do turismo, inicialmente prevista para janeiro mas adiada para março, custará 575 euros.

Com ambos os custos combinados, os TCN podem acabar por pagar quase 1000 euros pela oportunidade de trabalhar em Malta durante um ano, sem qualquer garantia de aprovação.

Prevê-se que, até 2025, este requisito do cartão de competências seja alargado aos trabalhadores malteses e da UE do sector da hotelaria e restauração.

Além disso, o Ministro do Envelhecimento Ativo, Jo Etienne Abela, anunciou um requisito semelhante para os prestadores de cuidados no sector dos cuidados a idosos.

Principais países de origem

Em julho de 2023, Malta acolherá 68 755 trabalhadores de fora da UE.

A maioria provém da Índia, das Filipinas, do Nepal e do Reino Unido, com números significativos da Sérvia, da Albânia e da Colômbia.

Estes trabalhadores, que necessitam de renovar anualmente as suas autorizações de trabalho, são diretamente afectados pelo aumento da taxa.

Navegar em novas águas

As recentes alterações na política de autorizações de trabalho de Malta, embora afectem diretamente os cidadãos de países terceiros, também têm implicações indirectas para os visitantes da UE, em especial no que se refere ao Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagem (ETIAS), que será lançado em maio de 2025.

Para os visitantes e imigrantes da UE, incluindo famílias, investidores, nómadas digitais e estudantes, o aumento das taxas e o endurecimento da regulamentação em Malta poderão servir de precursor de mudanças mais amplas na abordagem da UE à gestão da imigração e das viagens de curta duração.

Embora o ETIAS vise principalmente os nacionais de países terceiros isentos de visto para estadias de curta duração no Espaço Schengen, a sua implementação pode assinalar uma mudança no sentido de uma monitorização e controlo mais rigorosos da imigração em toda a UE, afectando potencialmente os viajantes de longa duração e os imigrantes.

Um efeito de arrastamento na política de imigração da UE

A decisão de Malta de aumentar as taxas das autorizações de trabalho pode também refletir uma tendência crescente dos países da UE para reavaliarem as suas políticas de imigração.

Este desenvolvimento pode potencialmente influenciar o contexto mais alargado do ETIAS e as políticas gerais de imigração no Espaço Schengen.

Com o sistema ETIAS concebido para reforçar a segurança e simplificar o controlo das fronteiras, outros países da UE poderão considerar medidas semelhantes para regular mais eficazmente a imigração extracomunitária.

Essas políticas poderão ter impacto nos sectores dependentes de trabalhadores estrangeiros, levando a uma reavaliação das estratégias de imigração para equilibrar as necessidades económicas com as preocupações de segurança.

À medida que Malta ajusta as suas políticas, poderá servir de estudo de caso para outros Estados da UE na gestão da complexa dinâmica da imigração num panorama global em mudança.

Olhando para o futuro

Esta evolução poderá ter implicações de grande alcance para o mercado de trabalho de Malta, em especial nos sectores que dependem fortemente de trabalhadores de países terceiros.

Os encargos financeiros adicionais que recaem sobre os nacionais de países terceiros podem influenciar a sua decisão de trabalhar em Malta, afectando potencialmente a composição da mão de obra do país.