Espera-se uma vaga de migração significativa em 2024 devido a crises no Sahel e em Israel

Espera-se uma vaga de migração significativa em 2024 devido a crises no Sahel e em Israel

Um alto funcionário húngaro advertiu que a Europa deve preparar-se para uma grande vaga de migração em 2024, que poderá conduzir a incidentes mais graves.

Tensões crescentes

György Bakondi, conselheiro principal do Primeiro-Ministro húngaro, Viktor Orbán, para a segurança interna, afirmou que os recentes acontecimentos envolvendo migrantes nas principais cidades europeias demonstram conflitos crescentes com as autoridades.

Bakondi referiu que os imigrantes estão a confrontar abertamente as autoridades estatais e a recusar integrar-se nas sociedades de acolhimento.

Bakondi salientou o aumento do número de crimes e actividades terroristas associadas aos migrantes.

O eurodeputado manifestou a esperança de que estes incidentes, bem como as suas consequências, possam levar a União Europeia a repensar as suas políticas de migração até às eleições para o Parlamento Europeu, em junho.

A posição da Hungria está a ganhar força

De acordo com Bakondi, a abordagem húngara de rastrear os migrantes fora das fronteiras da UE e de admitir apenas aqueles a quem foi concedido o estatuto de refugiado está a atrair mais apoio entre os Estados-Membros.

O eurodeputado salientou que os países estão a procurar formas de evitar novos fluxos migratórios, nomeadamente através do recente pacto de migração da UE.

Além disso, Bakondi salientou que um número crescente de países da UE reintroduziu controlos nas fronteiras internas.

Os países argumentam que o número de migrantes que chegam e os perigos que correm justificam uma ação decisiva para impedir a entrada.

Principais factores de pressão

Bakondi sublinhou que as autoridades não cumpriram mais de 80% das ordens de deportação de imigrantes ilegais em toda a UE.

Afirmou também que o aumento dos esforços de segurança reduziu substancialmente as passagens ilegais da fronteira entre a Sérvia e a Hungria.

As patrulhas conjuntas romeno-húngaras também se revelaram eficazes, como o prova uma recente interceção de 140 imigrantes num camião.

No entanto, o conselheiro alertou para o facto de, em 2024, se registar uma nova pressão migratória maciça.

O conselheiro destacou as crises na região do Sahel, em África, e as tensões no Médio Oriente desencadeadas pelos ataques do Hamas a Israel.

A UE enfrenta, assim, decisões importantes no próximo ano sobre a forma de responder ao aumento dos fluxos migratórios que poderão pôr ainda mais à prova a unidade europeia.

Viajantes enfrentam mais obstáculos

O potencial afluxo migratório surge numa altura sensível para as viagens à Europa. Com o lançamento do programa de isenção de vistos do Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagem (ETIAS), previsto para maio de 2025, os visitantes já enfrentam mais burocracia.

O sistema exige um controlo prévio dos viajantes de mais de 60 países não pertencentes à UE.

Os peritos alertaram para o facto de o aumento da migração poder levar as autoridades a reforçar os controlos do ETIAS ou a alargar a lista de países sujeitos ao sistema.

Isto poderia significar tempos de espera mais longos e um maior controlo para turistas, viajantes em negócios, estudantes e famílias.

Políticas sob pressão

A situação dos migrantes também ameaça intensificar os debates sobre as leis de imigração da UE.

As observações de Bakondi indiciam tensões entre Bruxelas e os governos nacionalistas dos Estados-Membros que adoptam uma linha mais dura.

Com o aumento das entradas de imigrantes, as vozes que defendem o reforço das fronteiras externas e dos poderes de deportação poderão ganhar força.

Isto significa incerteza para os imigrantes que pretendem estabelecer-se a longo prazo na Europa.

Os investidores, os nómadas digitais e os que procuram obter autorizações de residência ou a cidadania poderão encontrar barreiras adicionais, dependendo do desenrolar dos acontecimentos.

Com a migração a pôr à prova a unidade da UE em 2024, a política de imigração encontra-se numa encruzilhada.

Um caminho difícil pela frente

Numa altura em que a UE se prepara para o que poderá ser um ano decisivo para as suas políticas de migração e coesão social, as observações de Bakondi lançam sérias dúvidas sobre o grau de preparação do bloco.

Com acontecimentos internos e externos a ameaçarem desencadear uma nova vaga de migração em massa, a questão é saber se os Estados-membros conseguem pôr de lado as suas diferenças e montar uma resposta conjunta eficaz.

Caso contrário, as cenas de caos que se desenrolam atualmente, de Budapeste a Paris, podem ser insignificantes em comparação com o que os espera em 2024.

Os líderes da UE têm pela frente um caminho difícil, que irá testar seriamente o carácter e os valores da União.