Abertura de centros de tratamento de migrantes ao longo da fronteira entre a Eslovénia e a Croácia

Abertura de centros de tratamento de migrantes ao longo da fronteira entre a Eslovénia e a Croácia

Em 18 de janeiro,a Eslovénia anunciou planos para criar instalações temporárias de tratamento de migrantes ao longo da sua fronteira com a Croácia, a fim de fazer face a um afluxo de migrantes que tentam entrar ilegalmente no país.

A decisão surge no momento em que a Eslovénia tem assistido a um aumento significativo em 2023 de migrantes que atravessam para o país sem autorização da vizinha Croácia, que aderiu este ano à zona de viagens sem controlo de identidade da União Europeia.

Locais de tratamento temporário a abrir no cruzamento de Obrežje

O governo esloveno afirmou que as esquadras de polícia próximas da fronteira não têm capacidade para registar e processar um grande número de migrantes que atravessam a fronteira.

Por conseguinte, o Estado vai erguer vedações e colocar contentores e tendas no posto fronteiriço de Obrežje para servirem de locais de tratamento temporário.

O Ministro do Interior, Boštjan Poklukar, afirmou que os locais poderão permanecer até três anos.

O ministro prometeu que os direitos dos migrantes serão respeitados, mas afirmou que a Eslovénia deve estar preparada para o futuro.

"A chegada de um grande número de migrantes ilegais é esperada e inevitável", afirmou Poklukar a 18 de janeiro.

A travessia rodoviária de Obrežje situa-se ao longo de uma autoestrada fundamental que liga as capitais Zagreb e Ljubljana.

Inicialmente, as autoridades planeavam colocar uma vedação e três tendas para alojar os migrantes enquanto estes se submetiam aos procedimentos de registo.

Em 2023, a Croácia registou um aumento de 84% nos pontos de passagem das fronteiras

Os dados da polícia de fronteira mostram que o número de migrantes detidos ao entrarem irregularmente na Eslovénia aumentou 84% no ano passado, para um total de 58 193.

De acordo com os dados, 96% dos migrantes vieram da Croácia.

A maioria dos migrantes detidos na Eslovénia tem como objetivo continuar a entrar na Europa e não pretende pedir asilo no pequeno país alpino.

No outono passado, a Eslovénia reforçou as medidas de controlo das fronteiras - incluindo a construção de vedações revestidas de arame farpado - para travar o aumento das travessias não autorizadas.

As medidas suscitaram críticas por parte de grupos de defesa dos direitos humanos sobre o tratamento cruel dos requerentes de asilo.

Preocupações com a estabilidade e a segurança regionais

Os funcionários do governo justificaram as novas instalações de tratamento de migrantes como sendo necessárias para manter a estabilidade e a segurança regionais.

Numa declaração, o Governo afirmou que: "A situação de segurança na região em geral não mostra sinais de melhoria, com a situação nos países de origem das migrações fora do controlo do Estado."

A declaração refere ainda que as "potenciais ameaças à situação de segurança na Eslovénia" por parte de grupos terroristas são um fator subjacente ao reforço da vigilância nas fronteiras.

Alargamento dos controlos ao longo das fronteiras austríaca e italiana

Citando o aumento dos riscos de radicalização, a Eslovénia decidiu prolongar os controlos policiais ao longo das suas fronteiras com a Áustria e a Itália - dois dos principais países de trânsito para os migrantes que pretendem chegar a países europeus mais ricos, como a Alemanha e a França.

Segundo o Governo, os controlos alargados manter-se-ão, pelo menos, até meados de 2024.

A maioria dos migrantes detidos na Eslovénia tem como objetivo atravessar a Itália e continuar a sua viagem para norte.

Grupos de defesa dos direitos humanos denunciam tácticas policiais abusivas

Alguns migrantes que atravessaram a Eslovénia no ano passado acusaram a polícia local de tácticas abusivas, incluindo roubo e tratamento degradante.

O grupo de direitos humanos Border Violence Monitoring Network (Rede de Monitorização da Violência nas Fronteiras ) afirmou que os migrantes na Eslovénia enfrentaram uma violência semelhante à de outros Estados da região, como a Croácia e a Bósnia-Herzegovina.

O caminho a seguir

O Ministro do Interior esloveno, Poklukar, afirmou que as apreensões na fronteira poderão aumentar em 2023 com a abertura dos novos locais de processamento de migrantes.

Prometeu que as autoridades iriam equilibrar os direitos dos migrantes com as preocupações de segurança nacional e regional, no meio de um fluxo incessante de requerentes de asilo na chamada rota dos Balcãs para a Europa.