UE chega a acordo histórico para rever regras de asilo e migração

UE chega a acordo histórico para rever regras de asilo e migração

Após anos de negociações, a União Europeia (UE) finalmente concordou em mudar fundamentalmente o sistema de asilo e migração do bloco.

O acordo visa reforçar os controlos fronteiriços, assegurando simultaneamente que todos os países da UE partilhem a responsabilidade pelo tratamento equitativo dos pedidos de asilo.

Parlamento e deputado Greenlight Novo Pacto

Em 8 de fevereiro de 2024, representantes dos Estados-membros da UE aprovaram um acordo provisório sobre novas regras de migração e asilo alcançado com o Parlamento Europeu em dezembro passado.

"Os Estados-membros confirmaram hoje o seu compromisso de melhorar o sistema europeu de asilo e migração", disse Nicole de Moor, secretária de Estado belga para o Asilo e Migração.

"Estas novas regras tornarão o sistema europeu de asilo mais eficaz e aumentarão a solidariedade entre os Estados-membros", acrescentou.

O pacto inclui cinco regulamentos fundamentais para lidar com diferentes aspetos do tratamento dos requerentes de asilo e da migração irregular para a UE.

  1. Triagem de entrada: Melhorar os controlos de identidade das pessoas que entram nas fronteiras externas, a fim de determinar os procedimentos adequados para as mesmas.

  2. Atualização Eurodac: Reforçar a base de dados de impressões digitais da UE para melhor monitorizar os movimentos de migrantes em situação irregular e de requerentes de asilo na Europa.

  3. Regulamento relativo aos procedimentos de asilo: Tornar mais rápidas as regras normalizadas da UE para acelerar o tratamento dos pedidos de asilo.

  4. Regulamento relativo à gestão do asilo e da migração: Criar um sistema para realocar requerentes de asilo e apoiar os Estados-Membros que enfrentam elevadas pressões migratórias, substituindo o Regulamento de Dublim.

  5. Regulação de crise: Permitir alterações de emergência de determinados procedimentos durante crises, bem como medidas de apoio da UE.

Novas leis miram "compras de asilo"

Um dos principais objetivos das reformas é desencorajar a "compra de asilo", em que os requerentes de asilo apresentam pedidos em vários Estados da UE. O regulamento Eurodac actualizado ajudará a identificar estes movimentos em toda a Europa.

O futuro sistema pretende também repartir a responsabilidade pelos sinistros de forma mais equitativa entre os Estados-Membros.

Atualmente, um punhado de países como Alemanha, França e Bélgica lidam com a maioria dos pedidos.

O mecanismo de solidariedade prestará a assistência necessária através de deslocalizações ou contribuições financeiras.

Procedimentos mais rigorosos de triagem e entrada nas fronteiras

O regulamento de triagem exige que os funcionários de fronteira identifiquem todas as chegadas irregulares por meio de entrevistas, verificações de documentos e coleta de dados biométricos, como impressões digitais.

Os pedidos de asilo podem então ser tratados nas fronteiras onde as pessoas entram na UE.

Este nível de rastreio visa detetar riscos e evitar viagens não autorizadas para a Europa.

Normas comuns em matéria de asilo para uma maior eficiência

O Regulamento relativo aos procedimentos de asilo estabelece as mesmas regras processuais para que todos os países da UE avaliem os pedidos utilizando métodos coerentes.

O objectivo é reduzir as diferenças nas taxas de reconhecimento e nos tempos de espera em toda a Europa. Os candidatos também ganham direitos padronizados, incluindo assistência jurídica.

Novo programa de reassentamento oferecerá caminhos legais

Como parte do pacote de reformas mais amplo, a UE também lançará um programa centralizado de reassentamento para trazer pessoas deslocadas de regiões de conflito diretamente para a Europa por meio de canais seguros e legais.

A UE pretende reinstalar cerca de 30 000 refugiados reconhecidos todos os anos.

Implicações para os visitantes da UE

As novas regras de migração e asilo não mudam diretamente as políticas para visitantes de curta duração no âmbito do Espaço Schengen. No entanto, as reformas visam melhorar as medidas de segurança e a partilha de informações em toda a UE.

Os viajantes podem notar controlos mais rigorosos nos postos de fronteira externa quando o regulamento de rastreio entrar em vigor.

Em meados de 2025, a UE planeja introduzir o Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagem (ETIAS), que exige pré-aprovação para visitantes isentos de visto de mais de 60 países.

Embora não seja um visto em si, o próximo ETIAS adicionará outra camada de triagem para aplicar as regras de forma consistente em todos os membros do Schengen.

Os dados recolhidos poderão também ajudar no processo de asilo, se for caso disso.

Impactos potenciais nos procedimentos de imigração

Para famílias não pertencentes à UE, trabalhadores, estudantes e outros imigrantes de longa duração, as implicações do acordo estão principalmente relacionadas com a obtenção de autorizações de residência assim que chegam.

Se forem aplicados como previsto, os procedimentos normalizados em matéria de asilo e as regras de partilha de responsabilidades visam acelerar as decisões para as pessoas que procuram o estatuto de refugiado ou proteção subsidiária na UE.

As reformas não mudam diretamente outros canais, como vistos de família, estudo ou trabalho.

No entanto, se certos países ficarem sobrecarregados com o processamento de pedidos de asilo, apesar do novo sistema de solidariedade, isso pode acabar atrasando seus procedimentos gerais de solicitação de imigração também.

O êxito a longo prazo das mudanças políticas dependerá de uma forte cooperação entre os Estados-Membros.

O que vem por aí para a reforma do asilo

O Parlamento Europeu e o Conselho Europeu têm agora de aprovar formalmente o texto do acordo alcançado em 2023 antes de o novo sistema de asilo poder começar. Isso é esperado até abril de 2024.

No entanto, a plena implementação em todos os Estados da UE continuará a exigir tempo e coordenação consideráveis.

Novo amanhecer para a política migratória

Depois de várias tentativas falhadas recentemente de rever as regras de asilo, a UE tem finalmente ao seu alcance uma reforma abrangente que abrange todas as facetas do tratamento das chegadas de migrantes e dos requerentes de asilo.

Se os países da UE cumprirem as promessas de solidariedade, o novo sistema deverá aliviar as pressões sobre as fronteiras, acelerar as decisões sobre os pedidos, desencorajar a compra de asilo e oferecer mais vias legais para a proteção.